“A BR-101 é uma máquina  de matar que persiste em  tirar a vida dos capixabas”, afirma deputado Gandini

 Presidente da Comissão Especial de Fiscalização das BRs-101, 262 e Rodovia do Sol, da Assembleia Legislativa, Gandini pediu pressa na nova concessão para evitar a perda de mais vidas. Ao todo, foram 155 mortes na rodovia somente em 2022


O deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania), que preside a Comissão Especial de Fiscalização das BRs-101, 262 e Rodovia do Sol, da Assembleia Legislativa, reagiu hoje (22) com indignação à informação de Roberto Amorim Junior, diretor-superintendente da EcoRodovias, grupo que representa a Eco 101, de que a concessionária vai duplicar somente 7,7 quilômetros da rodovia em até quatro anos, prazo máximo que deve durar a transição para que uma nova empresa assuma o contrato.

Caso isso se confirme, a Eco-101 terá duplicado apenas 70 quilômetros, no prazo de até 14 anos, quando a previsão inicial do contrato, que foi deixado pela empresa no ano passado, era de que seriam duplicados 385,9 dos 475,9 quilômetros de vias.

“A BR-101 é uma máquina de matar. Comemoramos lá atrás porque achávamos que iríamos interromper isso. Infelizmente, 10 anos depois, e com perspectiva de serem até 14 anos após a concessionária Eco 101 ter iniciado o contrato, a empresa vai ter duplicado somente 70 quilômetros da rodovia de um total de 385,9 Kms”, declarou o deputado estadual.    

De acordo com Gandini, a sociedade capixaba não pode esperar mais pela duplicação da BR-101, que é o principal corredor logístico rodoviário e meio de ligação, direta ou indiretamente, da maioria dos municípios. Sobretudo, porque os capixabas estão morrendo todos os dias na rodovia.

“Toda semana tem um vídeo com a dinâmica das mortes acontecendo. Pelo descuido das pessoas, mas também mortes que seriam evitadas se a rodovia tivesse sido duplicada no prazo legal. Não podemos esperar por mais 4 anos para não fazerem nada, sendo que ficaram 10 anos e não duplicaram. Alegaram que não poderiam duplicar o trecho Norte. Mas o trecho Sul está todo licenciado. Por que não foi duplicado?”, questionou o parlamentar.

Para o deputado, é preciso uma ação forte do governo federal para retirar a empresa que não cumpriu o contrato e licitar novamente pelo ponto de vista logístico e, também, das vidas humanas perdidas na rodovia.

Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que, em 2022, 155 pessoas morreram na rodovia. Nos três primeiros meses deste ano já foram 50 mortos.

De acordo com Gandini, o governo federal precisa licitar a parte que já foi licenciada.

“O trecho sul foi todo licenciado. Até João Neiva foi licenciado. Se conseguirmos incluir um trecho que chegue perto de Linhares e duplicar, tirando áreas de conflitos com a questão ambiental, terá um avanço significativo na preservação das vidas”, defendeu.

Para o presidente da Comissão de Fiscalização da Assembleia, o governo federal erra ao tentar “pendurar” três rodovias (BRs 101, 262 e 259) para poder viabilizar o contrato, se 70% dos capixabas transitam pela BR-101.

“A política é a arte do possível. Se não dá para duplicar tudo, tiramos do contrato a Reserva de Sooretama, a Flona de Goytacazes, e duplicamos onde dá, mas não vamos esperar mais quatro anos vendo as pessoas morrerem. As vidas importam!”, declarou.

No dia 15 de julho de 2022, a Eco101 solicitou, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a finalização amigável do contrato de concessão, iniciado em 2013 e previsto para terminar em 2038. No início de dezembro, a ANTT aceitou a rescisão contratual.

Além de Gandini, participaram da reunião os deputados estaduais Alcântaro Filho (Republicanos) e Lucas Scaramussa (Podemos), os representantes da concessionária Eco101, de órgãos federais e estaduais.

 Concessionária afirma  que pedágio no Estado  é um dos menores do País e garante ter feito obras


Roberto Amorim Júnior, diretor-superintendente da EcoRodovias, grupo que representa a Eco 101, apresentou aos deputados a proposta que está em discussão para as atividades de transição da devolução da concessão da rodovia BR-101 até 2025, depois do encerramento do contrato. Fez também apresentação das obras recentemente realizadas e aquelas em andamento.

Segundo ele, a empresa executa “uma das menores tarifas do País, e que está adequada às entregas realizadas pela concessionária”. Motoristas de moto pagam R$ 2,45 e os de automóveis têm tarifa de R$ 4,90, na praça de São Mateus, no Norte do Estado.

O representante da concessionária frisou que a Eco 101 atravessa 25 municípios capixabas e passa por cinco portos marítimos. Há obras de recuperação de pavimento e mais uma passarela em construção.

Amorim Júnior garantiu que nesse período de transição os equipamentos de apoio, como ambulâncias e guinchos, não serão retirados. Ele disse que é um serviço que tem sido bem avaliado e a intenção é de, no mínimo, manter o que está em operação.

Ele relatou que no período de concessão foram realizadas restaurações de postos de pedágios, cumpridos 62 quilômetros de trechos duplicados, construídos nove viadutos, 19 passarelas e reformadas sete praças de pedágios. A Eco101 assumiu os radares do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e, atualmente, são 114 radares fixos em operação, além de 10 radares móveis.

Em nota, a Eco101 informou os motivos que levaram à desistência da concessão. “A complexidade do contrato, marcado por fatores como dificuldades para obtenção do licenciamento ambiental e financiamentos; demora nos processos de desapropriações e desocupações; decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de alterar o contrato de concessão; não pedagiamento da BR-116; não conclusão do Contorno do Mestre Álvaro e o agravamento do cenário econômico tornaram a continuidade do contrato inviável”, apontou.

Gandini propôs que obras de duplicação ocorram em locais onde não há conflitos ambientais. Crédito. Lucas Costa

Reunião da Comissão Especial de Fiscalização das BRs: medidas para reduzir as mortes em rodovia. Crédito. Lucas Costa

Roberto Amorim Junior, da EcoRodovias, garantiu que no período de transição os equipamentos de apoio, como ambulâncias e guinchos, serão mantidos. Crédito. Lucas Costa

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